Amor em Fuga [texto de 2020]

Amor em Fuga (1979) - François Truffaut.



  31/12/2020, fim de ano e não poderia ter sido mais pertinente ter escolhido este filme para ''fechar o ciclo''.

  Antoine Doinel foi um desses personagens que marcam a gente. E apesar da época ser outra, muita coisa continua a mesma, a juventude ainda é a juventude, os medos, as vontades, as incerteza, anseios etc. São 5 filmes para contar um pouco da vida desse personagem tão querido, e foi na medida certa. Truffaut sabia como contar uma história e colocar a sua própria na tela.

  O início de algo, geralmente, é bem mais empolgante que o resto, e confesso que senti isso com a ''saga''. O filme final não me deixou com a mesma sensação de antes. Talvez por ser uma despedia, por ter sido mais maduro ou simplesmente por ter um clima saudosista. Não estou dizendo que é um filme ruim (absolutamente pelo contrário), mas é um fim, e quase nunca sabemos lidar com fim de ciclos ou despedidas de coisas que nos empolgam (ou empolgavam). E isso é absolutamente normal.

  Que bom que as coisa têm fim, é a ordem natural da vida. Elas mudam, ficam chatas, perdem a graça, e temos de lidar com isso. Mas, por mais que algo cresça e evolua, sempre há características que ficam. O Antoine ainda é o que conhecemos no primeiro filme.
Nem todo fim de ciclo precisa (ou vai ser) genial, confortável ou coisas do tipo. O fim é o fim, e só. E sempre depois disso há o começo. Vivemos num ciclo e ter certo saudosismo faz bem, faz com que nossas memórias tenham uma cor diferente, uma sensação única.

  Por mais que eu não tenha vibrado com esse último capítulo, ele foi muito bom, amarrou as pontas. Foi preciso.
Sensatez é uma das características mas necessárias para que possamos lidar com os ''fins'', pois ele nem sempre vai ser bonito, confortável ou como esperamos (lembra daquela conversa sobre expectativas? Pois bem).

Nos vemos em 2021.

[Escrito em 31/12/2020]

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