Domicílio Conjugal [texto de 2020]

Domicílio Conjugal (1970) - François Truffaut.


''Seria cômico, se não fosse trágico'', mas, no caso dessa obra de Trufaut, o filme abraça as duas faces.
Com um humor sutil, o filme nos leva à vida conjugal de Antoine e Christine que logo têm um filho. Porém, Antoine começa um caso com uma moça japonesa que conheceu em um dia de trabalho, Kyoko.

-SPOILER NO ÚLTIMO PARÁGRAFO-

  Uma coisa que achei interessante me perguntar durante este filme é: como lidamos com as nossas expectativas e deslumbramentos?

  Todos nós já tivemos uma paixão platônica, um ídolo ou alguma situação que nos despertasse esse sentimento de "encanto". Nós nos apaixonamos por aquilo que queremos ter ou ser; será?

  Um exemplo do filme: Christine admira o bailarino Nureyev, lê livros sobre ele e compra um poster. Eis uma admiração e um vislumbre pela figura artística (e talvez, física) do bailarino. Antoine cria uma paixão platônica por Kyoko, ele fica tão impressionado pela figura da moça que começa a manter um caso com ela. Quando o rapaz começa a conhecê-la melhor, percebe que tudo o que ele sentia não passava de uma idealização e uma projeção dele.

  É bem mais fácil nos apaixonarmos por algo/alguém que não conhecemos, assim, suprimos o que falta com nossas idealizações.
Quando temos uma paixão platônica por alguém e logo a conhecemos melhor, geralmente vem aquele sentimento de ''nossa, nem era tudo isso'', né? Antoine passou por essa situação.

  No fim, ele e Catherine voltam a ficar juntos, e as últimas cenas mostram uma discussão (assim como as que vimos acontecer com os vizinhos que observam), e logo a senhora diz algo como ''agora sim eles estão apaixonados de verdade''. 
  Bem real, né?

Escrito em 26/12/2020

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